Aniversários de Américo Leal
e Conceição Matos

Exemplos de luta<br>e resistência

Os 95 anos de Amé­rico Leal, cum­pridos no dia 20 de Ja­neiro, foram as­si­na­lados na pre­sença dos seus ca­ma­radas, fa­mília, mu­lher, a Si­sal­tina, fi­lhos, netos e bis­netos, no Centro de Tra­balho de Se­túbal do Par­tido.

Na sua in­ter­venção, Mar­ga­rida Bo­telho, da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral do PCP, des­tacou al­guns as­pectos da bi­o­grafia de Amé­rico Leal, desde a sua in­fância e ado­les­cência, em Sines, onde tra­ba­lhou como ope­rário cor­ti­ceiro, até à sua par­ti­ci­pação como di­ri­gente da União de Re­sis­tentes An­ti­fas­cistas Por­tu­gueses.

Mas a sua vinda ao Par­tido, em 1944, tem uma his­tória, entre tantas ou­tras, que me­rece ser con­tada. Em 1943, em plena 2.ª Guerra Mun­dial, num país sob um re­gime fas­cista, Amé­rico Leal e o seu amigo Hi­gino Pedro da Silva ru­maram a Lisboa, à em­bai­xada in­glesa, para se alis­tarem nas forças ali­adas contra o nazi-fas­cismo.

«Um bom exemplo de que sempre, mesmo nas horas mais ne­gras, há sempre quem se le­vante contra a ex­plo­ração e a in­jus­tiça. Claro que a PIDE não pensou o mesmo, e os jo­vens pas­saram 45 dias no Al­jube», onde co­nhe­ceram, «entre os mais de 90 gre­vistas que a re­pressão tinha em­pur­rado para a ca­deia, Mi­litão Ri­beiro, di­ri­gente do PCP, que vos ligou ao Par­tido», re­velou a di­ri­gente co­mu­nista.

Na ini­ci­a­tiva, Amé­rico Leal pro­meteu «viver, ajudar o Par­tido e par­ti­cipar, con­vosco, na co­me­mo­ração do cen­te­nário do PCP».

Con­ceição Matos

No Centro de Tra­balho Vi­tória, em Lisboa, foram ce­le­brados, dia 18, os 80 anos de Con­ceição Matos, assim como o seu per­curso de luta.

Na ini­ci­a­tiva, que contou com a pre­sença de Je­ró­nimo de Sousa, além de muitos fa­mi­li­ares, amigos e ca­ma­radas, Fran­cisco Lopes, do Se­cre­ta­riado do Co­mité Cen­tral do PCP, co­meçou por re­cordar que a ho­me­na­geada nasceu em S. Pedro do Sul, tendo vindo viver, em cri­ança, para o Bar­reiro, tra­ba­lhando na con­fecção de roupa e numa fá­brica de cor­tiça, entre ou­tras ac­ti­vi­dades, «que mar­caram a sua raiz de classe e a sua par­ti­ci­pação na luta an­ti­fas­cista».

A com­pa­nheira de Do­mingos Abrantes – uma re­lação es­ta­be­le­cida após a fuga da Ca­deia de Ca­xias, a 4 de De­zembro de 1961, em que este par­ti­cipou – foi então para a clan­des­ti­ni­dade. «É presa em 1965 e su­jeita a um pro­cesso de tor­tura pela PIDE dos mais so­ezes e bru­tais», lem­brou Fran­cisco Lopes. Ter­mi­nada a prisão, pros­se­guiu a luta, vol­tando a ser presa em 1968. «Mais uma vez a tor­tura e de novo a re­sis­tência e a vi­tória sobre os es­birros da PIDE», acen­tuou, des­ta­cando o seu tra­balho, em li­ber­dade, na Co­missão Na­ci­onal de So­corro aos Presos Po­lí­ticos, no mo­vi­mento da opo­sição e no mo­vi­mento de mu­lheres.

Con­ceição Matos volta à clan­des­ti­ni­dade com o seu com­pa­nheiro, após a li­ber­tação deste em 1973. A 25 de Abril de 1974 es­tavam em França, re­gres­sando a Por­tugal cinco dias mais tarde, com Álvaro Cu­nhal.

Em tempos de re­vo­lução e de contra-re­vo­lução, com a de­ter­mi­nação de sempre, exerce fun­ções de apoio à di­recção do Par­tido, na Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Lisboa e no Ga­bi­nete de Or­ga­ni­zação.

«Foi com a adesão ao Par­tido que a minha vida ga­nhou ver­da­deiro sen­tido ao poder par­ti­cipar na luta pelos no­bres ideais do so­ci­a­lismo e do co­mu­nismo», sa­li­entou Con­ceição Matos, fri­sando que foi «no exemplo de tantos e ab­ne­gados ca­ma­radas» que ga­nhou «forças e de­ter­mi­nação para en­frentar as ad­ver­si­dades que a luta im­plica».

 



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